domingo, 8 de dezembro de 2013

O milagre do nascimento 2

Oba! Mais um relato de parto pra fazer!
Quase não gosto de contar essa história... ;-)

Vamos lá!

OS BENDITOS PRÓDOMOS
Com quase 40 semanas, no sábado, dia 02/11, comecei a sentir uma pressão na bexiga. Assim como tinha sido com o Felipe. No domingo, vieram as contrações. Praticamente como o Felipe! Eram os tais pródomos do trabalho de parto (não sabe o que é isso? Veja aqui). Seguindo a lógica, o Vitor nasceria no dia seguinte! Já liguei pro médico e pra enfermeira. Minha ideia é que eles já ficassem preparados.  Eles ouviram com paciência minhas palavras ansiosas.
Pois bem, chegou segunda e... Nada! Foi um dia todo de contrações irregulares. Como já estava com praticamente 40 semanas, o médico havia pedido pra fazer um cardiotoco e uma usg, já na maternidade. Claro que enquanto estava lá, não tive uma contração...
Tudo certo com os exames. Tudo ok pra esperar mais pelo nascimento. Na terça, tive consulta. No exame de toque: 2 cm de dilatação, colo do útero afinando. O médico achou que nasceria na quinta ou na sexta e pediu os mesmos exames caso ele não nascesse até sexta.
E lá se foram mais dias de contrações irregulares, ansiedade aumentando... Na madrugada do dia 7, por volta da 1h, saiu o tampão mucoso. Nem me animei tanto. Só sabia que a hora estava chegando. Mas não dava pra saber quando. Confesso que já estava ficando de saco cheio desse "chove não molha". Sentir contrações não é tão bacana. Nessa fase, sentia pouquíssimo desconforto, mas eles vinham com certa frequência e a espera pra que elas engatassem piorava um pouco a situação...
Na sexta, dia 8, deixamos o Felipe de manhã na escolinha e fomos à maternidade fazer os exames. Já estava com 4 cm de dilatação, mas com contrações fraquinhas. Fomos esperar pelo ultrassom. Ô, espera longa! E não era pela situação, não. Demorou mesmo. Devemos ter ficado na espera por volta de 1h-1h30. E aí, o bicho começou a pegar...

FINALMENTE,  O TRABALHO DE PARTO
Era por volta das 13h30, as contrações ficaram mais fortes e muito frequentes. Eu já não conseguia ficar sentada. Ficava andando de um lado para o outro pelo hospital. Em uma das contrações, abracei o Luiz e respirei fundo. Toda errada... Só caiu a ficha pois a Mel (minha amiga fisio que trabalha no São Luiz) nos viu e me deu uma simples orientação que mudou minha vida: enviar o ar pra barriga. Assim já era possível suportar a dor! ;) Frente aos fatos, liguei pra enfermeira, que esqueceu o celular em casa justo nesse dia (tá de brincadeira, né? Rs!), mas a encontrei no consultório. Ufa! Pelo meu relato, ela avaliou que estava (já não era mais sem tempo!) em trabalho de parto e que já iria pra maternidade.
Enquanto isso, o Luiz foi correndo pedir pra me examinarem de novo. Já estava com 7cm. Aí bateu o desespero! Provavelmente, seria rápido. Daria tempo da enfermeira e do médico chegarem? Pra piorar, logo antes de mim, uma gestante foi encaminhada pra sala de parto normal (LDR - Labor Delivery Room) e as enfermeiras não sabiam se a outra estaria disponível. Que beleeeeza! A possibilidade do parto não ocorrer na água me deixou mal, a ponto de chorar (não que chorar seja difícil pra mim... Rsrsrs! ).
Fomos enfim para o centro obstétrico. Chegando lá, encontrei com a enfermeira que tinha acabado de chegar. Já tinha falado com o médico que estava chegando também. Por sorte, cruzamos com a Mel, que entrou conosco.  O Luiz foi se paramentar.  Eu fui pra uma sala de pré-parto. Lá soubemos que poderíamos ir pra LDR. Era só aguardar a limpeza. Eu só pensava: agilizaê! 
Fui pro chuveiro relaxar. Que bênção! Com a água quente, movimento dos quadris e respiração adequada, era tranquilo lidar com as contrações. A enfermeira me examinou: 8 cm. 
A essa altura, já pudemos ir pra LDR. Nem quis saber de luzinha no teto, músiquinha ambiente e exercícios na bola. Fui direto pra banheira. Minto! (Atenção: quem acabou de comer sugiro pular as duas próximas frases!) Tive uma forte contração que além de dor trouxe uma forte ânsia. Com a orientação da enfermeira de não segurar nada, fui lá eu ficar de frente pro vaso sanitário...
Nojices, à parte, vamos voltar à magia do momento.
Entrei na banheira. No meu plano, eu ficaria sentada na banheira apoiada no Luiz que também estaria dentro da banheira atrás de mim. Até dei uma sunga de presente pra ele! E comprei um top lindo pra mim!  E advinha onde eles estavam nessa hora tão importante?  Pois é... no carro. Num estacionamento fora da maternidade. :-P No way... Eu ficaria como vim ao mundo mesmo...
Bom, não foi só por isso que o plano foi por água abaixo (hehe). Quando fiquei na posição imaginada, me senti muuuito desconfortável. A enfermeira sugeriu de cócoras. Eu, prevendo a fadiga, franguei. Ela sugeriu que eu ficasse ajoelhada, de 4. Pronto! Apoiei a cabeça na borda da banheira e lá fiquei nas contrações seguintes. O Luiz, ao lado,  fora da banheira, regava minha lombar, me ajudando a relaxar. Dava até pra bater papo. Descobri que uma amiga tava grávida, pois o médico dedurou.
Eles nos deixaram a sós na banheira, curtindo o momento. Tão importante pra nós dois. 
Depois de algum tempo, eles voltaram pra saber como as coisas estavam. Eu ainda não sentia vontade de fazer força. A enfermeira me orientou a tentar empurrá-lo nas contrações.  Eles posicionaram-se fora da banheira. De repente,  bateu um desespero. Gritei por ajuda. Nem lembro bem por que, mudei de posição. Fiquei de lado, com a cabeça apoiada. A Mel, que além de fisioterapeuta tornou-se uma exímia cinegrafista, já estava com a máquina a postos. 
Parece que a hora estava chegando...

O PARTO
Nessa hora, o desespero aumentou. Gritos, sensação de impotência, vontade de desistir. Com broncas como: "Thatiana! Se você gritar assim, vai fazer a força no lugar errado" e falas como: "Thatiana, não sai! Fica aqui" da enfermeira e "Já chegamos até aqui, tá tudo do jeito que você sonhou,  não amoleça agora" do Luiz, fui retomando a concentração. Mais uma vez de repente, deu uma vontade incontrolável de fazer força. De expulsar o Vitor. Matando a gola e a manga do Luiz (que ficou de cócoras por um bom tempo ao meu lado, segurando minha perna e suportando meus puxões) fiz duas ou três belas forças, contínuas. No intervalo entre elas,  mandei frases célebres:
- Tô sentindo pra car_ _ _ _! - ao ser estimulada pela Mel a sentir o Vitor saindo. 
- Onde ele está??! - preocupada se faltava muito corpo ainda pra passar.
- Eu só quero que ele saia! - ao ser estimulada pelas pessoas,  maravilhadas com aquele momento belo, a ver e tocar o Vitor saindo. 
E eis que, num estalar de dedos, numa cena que me arrepia toda vez que vejo o vídeo, toda a minha expressão de dor, de sofrimento e desespero se transformou numa linda (tá bom: molhada,  descabelada e cozida também) expressão de prazer, alegria e satisfação, numa proporção ao quadrado do que havia sentido até então: o Vitor nasceu! Curtiu a passagem serena do meu útero pra esse mundão dando suas primeiras "braçadas"! E logo veio ao meu colo, onde foi recebido com beijinhos, muito carinho e felicidade! Algum tempo depois, o papai, todo orgulhoso, cortou o cordão umbilical. 
Achamos que ele nasceria empelicado, mas a bolsa rompeu em algum momento próximo ao fim, que ninguém percebeu.
Ah! Mais uma vez, sem qualquer laceração,  sem pontos (quem disse que a episiotomia é indispensável e que estragos ao períneo são certos?). 
Meu sorriso acendia luzinhas na orelha. O Luiz exclamava felicidade! Não cansava de dizer que o parto foi lindo, perfeito. Até que chegou a uma controversa conclusão ao dizer: "Nossa! Foi muito suave! "O QUE?!?!?!
Quando a pediatra chegou, pesou o Vitor (3,655 kg) e para os registros formais, precisava de uma informação importantíssima: que horas ele nasceu? Oi?! Olhamo-nos todos com um ponto de interrogação gigante na cara! Frente a um momento tão lindo, quem se importou em registrar o horário?!?!?! A máquina fotográfica! Hehehe! E ela marcou que o Vitor nasceu às 15h25.

E com essa bela imagem, termino o relato de mais um momento inesquecível da minha vida!
Muito feliz pelo que passei e proporcionei a minha família! Seja muito bem-vindo, Vitor!